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Empolgação, juros e inflação fazem
dobrar nomes negativados em janeiro

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Somente no mês passado, 958 consumidores tiveram o nome negativado no cadastro da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)

A empolgação com as festas de fim de ano, a inflação e a taxa de juros elevadas no ano passado foram os principais fatores que levaram ao aumento do número de pessoas com o nome negativado em janeiro de 2023. Somente os estabelecimentos associados à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bauru foram responsáveis por incluir 958 consumidores no cadastro de seu Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em janeiro deste ano.

O resultado corresponde a mais que o dobro da quantidade de moradores que entrou ‘no vermelho’ no mesmo mês do ano passado, quando 432 pessoas foram inscritas na lista de restritiva. O agravamento da inadimplência na cidade também é demonstrado pelo número de consumidores que
conseguiram quitar suas dívidas e limpar o nome.

Segundo levantamento da CDL, foram contabilizadas 196 exclusões em janeiro deste ano, 30% menos do que o registrado no mesmo período de 2022, em que 285 moradores pagaram seus débitos em atraso.

Ao todo, hoje, a entidade soma 26.444 devedores com nome negativado, que acumulam R$ 35,389 milhões em dívidas com o comércio local.

Segundo o consultor jurídico da CDL, Elion Pontechelle Junior, os números são reflexo de um
maior volume de vendas registradas pelos lojistas, na esteira da empolgação dos moradores
com as festas de fim de ano, depois de dois anos de pandemia de Covid-19 e da adoção de
algumas medidas governamentais, como a ampliação do valor do Auxílio Brasil.

‘SEM CONDIÇÕES’

“Porém, estas pessoas compraram sem ter condições de pagar. E isso é algo que já foi
percebido em dezembro de 2022, quando 1.074 consumidores tiveram o nome negativado devido a compras anteriores, como presentes para o Dia das Crianças”, analisa.

A alta da inflação em 2022, que chegou ao pico de 12,13% em abril, no acumulado de 12 meses, e da taxa básica de juros (Selic), que encerrou o ano em 12,38%, também contribuíram para o cenário.

Conforme explica o economista Diego Richene, em anos anteriores, os brasileiros tiveram ampla oferta de crédito, com juros que chegaram a 2% ao ano.

Mas, como boa parte destas linhas tem taxas pós-fixadas, acompanharam a subida da Selic, tornando as parcelas de um empréstimo, por exemplo, mais caras. “Somado a isso, tivemos um aumento de preços de produtos e serviços fora da curva, que corroeu o poder de compra. Foi uma combinação propícia para a alta do endividamento e, mais do que isso, da dificuldade para as pessoas conseguirem sair da lista de devedores”, cita.

Fonte: JC Net