Bauru terá 450 armadilhas contra dengue
Notícias

Bauru terá 450 armadilhas contra dengue

864Visualiazação
Armadilha ovitrampa atrai a fêmea para a postura de ovos

A temporada de chuvas chegou e, com ela, renasce uma preocupação: a transmissão da dengue. No ano passado, a doença deixou um rastro de destruição em Bauru. Foram 39 mortes e 26.241 pessoas infectadas.

E, em 2020, a Secretaria Municipal de Saúde já contabiliza dois casos suspeitos sob investigação. Com o objetivo de controlar a transmissão da doença e conhecer melhor a forma como o vírus se distribui na cidade, uma série de medidas já está sendo adotada (leia mais abaixo).

Uma das principais novidades será a contratação de uma empresa especializada para instalar cerca de 450 armadilhas para capturar ovos do Aedes aegypti. O equipamento, denominado ovitrampa, nada mais é do que um vaso preto, que contém uma pequena chapa de madeira e uma infusão natural que serve como atraente para a postura de ovos da fêmea do mosquito.

A previsão é de que os dispositivos sejam distribuídos a partir de março em imóveis residenciais e comerciais de diversas regiões da cidade. “O monitoramento será semanal. Quando o Aedes fizer a ovoposição na armadilha, estes ovos serão coletados e mantidos em ambiente protegido, até que os mosquitos se tornem adultos”, explica o chefe da seção de ações do meio ambiente da Secretaria Municipal de Saúde, Roldão Antonio Puci Neto.

Na sequência, a empresa contratada pela prefeitura encaminhará os insetos para realização de virologia em laboratório, ou seja, para descobrir se eles estão ou não contaminados pelo vírus da dengue. “Além de detectarmos quais as regiões mais infestadas do município, teremos condições de saber qual é a proporção de mosquitos que carrega o vírus. Estas informações vão nos permitir desenvolver ações de controle de forma mais efetiva”, detalha.

INVESTIMENTO

A estimativa é que o investimento para este trabalho seja de R$ 500 mil a R$ 600 mil por ano. Segundo Puci Neto, o levantamento é uma recomendação do Ministério da Saúde, para que, futuramente, o município tenha acesso às novas tecnologias de combate à dengue que estão sendo desenvolvidas dentro do programa federal Vigiarbo.

A Secretaria Municipal de Saúde, contudo, já vinha mapeando a distribuição dos casos de dengue em Bauru nos últimos cinco anos. O estudo mostrou que 40% de toda a transmissão da doença está concentrada na região noroeste, que inclui bairros como Vista Alegre, Bela Vista, Petrópolis, Vânia Maria, Jaraguá, Santa Edwirges e Nova Esperança.

Outros 30% correspondem à região sul, onde se inserem – de acordo com a territorialização feita pela pasta – a Vila Falcão, Vila Dutra, Jardim Ouro Verde e Vila Independência. “São duas grandes regiões que respondem por 70% dos casos de dengue de toda a cidade”, completa.

Depósitos de recicláveis e ferros-velhos poderão sofrer sanções

Enquanto mapeia a população de Aedes aegypti por meio de armadilhas, a Secretaria Municipal de Saúde reforçará suas ações para eliminar criadouros do mosquito e combater a transmissão da dengue. As visitas domiciliares, que ocorrem o ano todo, continuarão sendo realizadas pelos agentes de endemias, com prioridade para as regiões consideradas críticas.

Já os imóveis em que há grande circulação de pessoas, como instituições de ensino e hospitais, recebem visitas trimestrais. Porém, os que tiverem classificação de alto risco passaram a ser inspecionados mensalmente pelos agentes.

“São locais onde foi detectada a presença de grande número de larvas nos últimos três anos. Além da visita, vamos orientar para a formação de brigadas de dengue, com posta por funcionários capacitados para vistoriar e eliminar criadouros”, esclarece Roldão Antonio Puci Neto.

Serão realizados, ainda, mutirões em pontos estratégicos, onde, normalmente, há grande acúmulo de criadouros, tais como depósitos de recicláveis, ferros-velhos, borracharias e cemitérios. “Na rotina, as visitas já ocorrem a cada 15 dias. Mas, agora, dependendo da situação de risco, poderemos, como autoridade sanitária, adotar medidas administrativas e legais”, acrescenta. Já os canteiros de obras continuarão sendo visitados a cada dois meses.

A expectativa, ainda, é de que as secretarias municipais trabalhem de forma mais integrada para otimizar as estratégias de combate à dengue, a partir da criação, em setembro do ano passado, do Programa Municipal de Enfrentamento à Dengue. Uma primeira reunião já foi realizada em dezembro e a próxima ocorrerá ainda neste mês.

Depósitos de recicláveis e ferros-velhos poderão sofrer sanções administrativas e legais

Para secretário, epidemia de 2019 não se repetirá

Samantha Ciuffa

José Fogolin pede para que União e Estado reforcem incentivos aos municípios

José Fogolin pede para que União e Estado reforcem incentivos aos municípios

Secretário municipal de Saúde, José Eduardo Fogolin analisa que a tendência é de que a epidemia de dengue registrada em 2019 não se repita neste ano. Um indicativo é o fato de, em 2020, haver somente dois casos suspeitos sendo investigados.

“No ano passado, já eram quase 200 casos confirmados. Temos uma condição favorável, graças às ações adotadas pelo município”, frisa, salientando a necessidade de União e Estado reforçarem incentivos aos municípios.

Segundo Fogolin, até o momento, o Ministério da Saúde ainda não forneceu um inseticida, em substituição ao Malation, para combate do mosquito por meio de nebulização. “Além disso, o Estado reafirmou, na reunião da Comissão Intergestores Bipartite, que não possui orçamento para o repasse de recursos para enfrentamento da dengue”, acrescenta, referindo-se ao encontro realizado no final do ano passado em São Paulo, com a presença de representantes da Secretaria de Estado da Saúde e secretarias municipais de saúde.